Pretendo apresentar as produções dos meus alunos ao longo do ano letivo. Em outras oportunidades, mostraremos textos e/ou vídeos que considerarmos pertinentes.
Aos passantes, desejamos boa leitura.
Aos copistas, desejamos bom proveito.
Aos leitores qualificados, agradecemos, sinceramente
Aos copistas, desejamos bom proveito.
Aos leitores qualificados, agradecemos, sinceramente
"Desafios"
"A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e convivência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafios"
Martin Luther Kink Jr
Martin Luther Kink Jr
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
sábado, 18 de maio de 2013
Um recomeço perdido
Um recomeço perdido
Por Fátima Duran &
Katherine Herdy
Hoje é o pior dia da vida de João Antonio,
hoje, dia 21 de maio de 2013 a esposa de Antônio se suicidou.Voltaremos ao dia 19 de abril
de 2013, para contar a história de Dona Juracema.
No Sertão da Bahia, onde tudo é seco, não
cresce nenhum pau de árvore, numa casa feita de barro, moravam João Antônio,
Dona Juracema e seu filho Carlos. Juracema e seu filho estavam sentados no
cepo, pensando em quando ia chover, até que:
-
Ocês, cheguem aqui – Disse seu João entrando na casa de barro, com sua
alpercata toda esgarçada, calça e uma blusa toda rasgada.
-
Que foi? – Falou Dona Juracema levantando-se do cepo e entrando na casa de
barro com seu filho. Juracema usava um vestido de flores simples e seu filho
com uma bermuda e alpercata esgarçada.
-
Tive uma ideia porreta! A gente vai para Salvador
-
Deixa de ser abestado homem! – Falou Dona Juracema pensando como João pensou
numa ideia dessas.
- Abestado aqui é tu, nois vamos sim. Visse? –
Antônio falou retado porque nenhuma mulher nunca o chamou de abestado ou coisa
parecida.
Juracema
estava meio cabreira com essa história, mas por amar o marido obedeceu-lhe. Ela,
Carlos e Antônio pegaram suas alpercatas, suas poucas roupas e botaram no aió. Quando
acabaram de arrumar, saíram em direção a Salvador, com as roupas que tinham no
corpo. Passaram-se horas e horas, o sol já havia desaparecido e a única luz que
havia era da lua. Deitaram na areia quente com árvores quentes em volta. Carlos
começou a falar:
-
Mãe, tô com fome! Mãe, tô com fome!
-
Deixa de aperreio aí, menino! – João disse acordando do sonho maravilhoso que
teve.
- Calma, homem! Tome, meu filho, um pouco de
farinha seca. – Juracema disse pegando no aió um pouco de farinha.
Enquanto
isso, João ficou relembrando do sonho que teve. Nesse sonho, o sol brilhava num
imenso céu azul, com pássaros voando livremente por ele, e que acada pingo de
chuva que caía sobre o chão rachado, uma árvore nascia dando de volta a esperança
e a alegria que ele nunca tinha experimentado. Depois de relembrar o lindo
sonho, voltou a dormir com Juracema e Carlos. Ao nascer do sol, eles levantam e
continuam sua caminhada até Salvador. Andaram por quase 10 horas até encontrar
a cidade.
-
Ave Maria! Chegamos – Disse Juracema com alegria no olhar.
-
Avia, não podemos perder tempo, vamos até aquele bar – Falou João andando até o
balcão. Chegando lá disse:
– Moça, poderíamos dormir
no fundo do bar hoje? – João aparentava estar calmo, mas por dentro estava
implorando para a moça deixá-los dormir só por hoje.
-
Claro que não! Deixe de ousadia! – A moça aparentava ter 30 anos de idade,
tinha cabelos longos cor de fogo, pele tão escura quanto jabuticaba e era
mediana.
- Ô, mais tá! O que está acontecendo no meu
bar?! – Chegou falando alto, um senhor varapau, com cabelos grisalhos com pele
branca que aparentava uns 67 anos de idade.
-
Nhor, poderíamos dormir aqui por uma noite?
-
Claro que sim, se um de ocês trabalhar para mim, como garçonete e cozinheira.
-
Claro, minha esposa pode trabalhar sim. – João por dentro estava pulando de
alegria.
O
dono do bar que se chamava Benedito, junto com a família de João e Ana
Lucilene, mostraram onde João, Juracema e Carlos iriam dormir. Logo anoiteceu e
todos estavam a dormir. Chegou a manhã, Juracema começou a trabalhar. João saiu
à procura de emprego e Carlos na frente do bar, brincava com os ouros meninos.
Assim foi a rotina da família de João. Até que Ana Lucilene começou a ser amiga
de Juracema e desejar João como marido. Na verdade essa amizade que estava
tendo com Juracema era pura enganação para roubar o seu marido.
Na
noite seguinte, enquanto todos dormiam, Ana Lucilene, prepara um ensopado de
jerimum, com gotas de veneno para matar Juracema. Quando amanheceu ofereceu a
comida a Juracema, mas quem comeu o ensopado foi Carlos. Ao anoitecer Juracema
foi dar boa noite ao filho, mas quando viu seu filho estava morto, e não tinha
mais como salvá-lo.
Saiu do bar chorando e gritando para
Deus trazer o seu filho de volta, mas ela sabia que isso não era possível. E o
único jeito dela se encontrar com o filho era morrendo. Voltou para o bar,
quando o sol nasceu e contou tudo o que viu para João, que também estava muito
triste pela perda de seu filho, mas não ao ponto de se matar como Juracema.
- Meu amor, se um dia eu não estiver mais
aqui, cuide de Ana Lucilene como você cuidava de mim – Falou Juracema decidida
que iria se matar.
-
Tudo bem, mas sei que quando você não estiver mais aqui, também não estarei.
O
dia se passou, com tristeza no ar, Ana Lucilene se arrependeu de ter feito
aquele ensopado, mas já era tarde para voltar atrás. Enquanto isso, Juracema
estava morrendo, porque enfiou no seu peito uma faca. Na manhã seguinte quem a encontrou morta no chão da cozinha foi Ana
Lucilene e Benedito, mas minutos depois apareceu João, que ao olhar para sua
mulher toda ensanguentada no chão da cozinha, com uma faca no peito esquerdo,
começou a chorar e percebeu que tinha que cuidar de Ana Lucilene agora, por
causa da promessa que teve com Juracema horas antes dela morrer. Mas hoje com certeza
é o pior dia de sua vida, dia 19 de abril de 2013.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
O
soldado do cangaço
Carlos
Bahia & João Telles
Jesuíno era um soldado do exército
brasileiro que participou da guerra de Canudos e que acabou sendo preso por Antônio
Conselheiro. Depois de dois anos como prisioneiro, ele se rendeu à causa de
Conselheiro e entrou em sua guerra. Aprendeu diversas táticas de guerrilha e
batalha antes de se tornar comunista. Espiando o sol, que no sertão nordestino
tirava a água das plantas quase mortas, Jesuíno ia caminhando pela caatinga
procurando uma gota d’água ou um pedaço de carniça. A cada passada que ele
dava, o seu pé ia quebrando os galhos secos no chão, e seus negros dedos
afastavam as moitas do caminho, até que, de dentro do mato seco, ouviu-se um
tiro de espingarda. Jesuíno pensou consigo mesmo: “Oxente, o que foi isso? Será
que eu tô malucando?”. Com esse pensamento no juízo, ele foi se avizinhando do
lugar do tiro. Quando sua vista alcançou o responsável pelo disparo, ele se viu
testemunhando um assassinato. Lá havia um homem alto, acocorado com a
espingarda na mão, e outro cabra montado em um alazão branco com a crina preta
e músculos que até um cego pode ver. Encostado em uma árvore, podia-se ver o
corpo de um preto descamisado e com a calça acochada e esmolambada. O atirador
agora levantava-se e andava em direção ao seu companheiro no cavalo.
-Pronto, homi. Esse preto brabo não
vai mais azuretar nosso juízo. Borimbora, João. – falou o cabra da espingarda
para seu companheiro.
-Entocis bora, Alemão. A gente tem
ainda que apagar o roteiro desse escravo.
Os dois cabras já tinham ido embora
quando Jesuíno falou:
-Que diabéisso? Aquele cabra tinha
que tá muito brabo pra meter chumbo num preto desse jeito.
Depois disso, Jesuíno tomou seu
rumo de novo. Depois de caminhar muitas horas com sua alpercata rasgada, ele
chegou a uma pequena capela feita de palha e barro e gritou com a voz
morrinhenta:
-Ô de casa!
Um
homem gordo, vestido de padre com um copo de cachaça na mão, abriu a porta da
igreja e falou:
-O que você quer, meu filho?
-Ô meu padre, será que vossemecê
tem um tanto d’água pra mim dar?
-Desculpe, meu filho, água não
tenho não! Mas tenho cachaça a boléu.
-Serve também, nhõ padre.
-Então não se avexe não. Vamo entrando.
A
igreja era bem precária por dentro. Lá havia alguns cepos espalhados para quem
quisesse ver a missa, um altar no fundo com a cruz pendurada na parede, algumas
velas apagadas dentro de castiçais pendurados na parede e tudo era iluminado
por um buraco no teto de palha, de onde vinha a luz do sol escaldante. O padre
gordo entrou em uma camarinha e trouxe dois barris grandes de cachaça.
-Vamos beber!-falou o padre.
-Obrigado, meu padre. Deus lhe
pague!
-Me chame de Fabriciano, cabra.
Depois
de muito enfiarem aguardente nos gorgomilos, Jesuíno arranjou um canto para
passar a noite, em cima de uma alcatifa. No dia seguinte, Jesuíno acordou pelos
barulhos de gritos fora da igreja. Lá ele viu o padre Fabriciano falando aos
berros com os dois cabras que Jesuíno viu antes de achar a igreja.
-Ô seu fio de rapariga, seu padre
dos infernos! Vossemecê me deve dinheiro!- falou o homem chamado João.
-Tenha fé em Padim Ciço, home! O
futuro a Deus pertence- falou o padre calmamente.
-Pois se vossemecê não me der o
dinheiro agora, vai saber do futuro com o próprio senhor.
-Me dê mais um dia! Eu lhe imploro
por mais um dia.
-Então, como garantia, eu vou botar
fogo nessa sua igrejinha.
Jesuíno
saiu de trás da porta, e foi para o lado do padre e falou:
-Por favor, moço, aceite esse
trocado como garantia. Deixe a igreja do padre em paz.
-E quem vossemecê é?-falou o cabra
chamado Alemão.
-Eu sou coroinha do padre.
-Então amanhã nóis vem pra pegar o
dinheiro. Borimbora, Alemão.
Os
dois cabras foram embora, e sumiram no meio do mato. O padre soltou um suspiro
de alívio e perguntou a Jesuíno:
-De onde tirou essas moedas, home?
-Eu tava guardando para comprar um
punhado de comida.
-Muito agradecido por vossemecê
proteger a minha humilde igreja
-Uma mão lava a outra. Mas, seu
padre, quem é aquele cabra?
-O cabra mais alto, o barbudo de
cabelos ruivos e branco feito farinha é chamado como Alemão. O baixinho quase
anão, careca e barbudo que nem Antônio Conselheiro, com aquele jeito brabo de
ser se chama João.
-E o que lhes dão direito de robá
dinheiro do sinhô?
-Eles acham que essas banda são
tudo dele. Ele faz isso com todo mundo por aqui. É um ingrato por tudo que fiz
por ele. Aquele preto que você viu morrer, não pagou a eles, acabou morto.
-Pois então tá. Fico muito
agradecido pela cachaça e pela hospedagem, mas tenho que seguir o meu rumo.
-Vá pela sombra, meu fio.
Jesuíno
entrou no mato e em pouco tempo desapareceu. Depois de muito tempo de
caminhada, a lua apareceu e o sol se escondeu. Jesuíno, mesmo cansado, continuou
a caminhar. Pouco tempo depois, ele se viu num pedaço de terra grande com uma
enorme plantação de mandioca do tamanho de um campo de futebol e tantas cabeças
de gado que a vista não alcançava o final. No meio de tudo isso havia um
casarão onde se podia ver dois homens sentados em redes. Quando Jesuíno apertou
mais as vistas, conseguiu ver que os dois homens se tratavam dos cabras que
tinha visto mais cedo. Um sentimento de raiva subiu ao juízo de Jesuíno, que
tirou o facão da bainha, e foi se avizinhando do copiar onde os cabras estavam.
Mas antes que pudesse se aproximar, dois pretos com enxadas surgiram em sua
frente. Ele tentou um golpe com o facão, mas de repente sentiu um aperto no
peito. Quando olhou para baixo, viu que se tratava de um tiro de espingarda que
veio de Alemão no copiar. Jesuíno caiu como uma pedra e suas vistas
escureceram. Depois disso, ele só sentiu um empurrão pra lá, um puxão pra cá, e
quando acordou estava em uma camarinha com somente um candeeiro iluminando o
quarto. Em sua frente estavam João e Alemão.
-O que estava fazendo aqui,
Coroinha?- perguntou João.
-Eu... Eu... Eu vim aqui pra tirar
satisfações do dinheiro do padre.
-Pois então foi aquele usurpador
que te mandou aqui, não foi? Vamo falar com ele.
Logo
depois, um preto entrou com o padre Fabriciano amarrado e todo estrupiado.
-Padre... - gritou Jesuíno em tom
de preocupação- O que fizeram com ele?
-Nós fomos naquela igrejinha e
tocamos fogo em tudo. Há há há!!!- falou Alemão
Em
sua frente, João arrancou um facão da bainha e cortou o pescoço do padre.
Jesuíno soltou um grito de raiva, balançou- se para sair da cadeira. Mas os
dois cabras safados continuaram a rir. Logo depois, Jesuíno lembrou-se de uma
faca atrás das calças, tirou-a e cortou as cordas, levantou-se como um raio e
arremessou a faca na cabeça de Alemão, que caiu morto. Com um golpe rápido,
soltou um murro na cara de João e tirou o facão da sua mão e enfiou na barriga
do preto.
-O que foi isso?- sussurrou João
quase cagado de medo- Tenha piedade de mim, homi!
-Mas vossemecê não teve piedade do
pobre padre Fabriciano. - falou isso e cortou-lhe o pescoço. Saiu da camarinha
e botou fogo em tudo.
Após
queimar a casa de João, Jesuíno passou a noite no curral daquela fazenda. Na
manhã seguinte ele soltou os gados e saiu montado no alazão branco de João. Foi
até a pequena capela de Fabriciano, onde teve uma surpresa. Lá ele encontrou
uma família negra chorando na porta da pequena igreja. O homem, alto e forte
como um boi e careca com olhos negros, notou a nova presença e se virou
rapidamente berrando:
- Foi o senhor que tacou fogo na
igreja do padre?
-Não. Esse daí tá caído morto em
sua própria terra!
-Morto?
-Isso mermo, eu matei aquele fio de
quenga!
-Mas foi o senhor João que tacou
fogo aqui? Eu era escravo dele. Então me deixa me apresentar. Eu sou Fabiano.
Minha muiér Ivone e meus dois fio Júnior e Vicente.
-Prazer, Jesuíno, ao seu dispor.
Você tem algum pedaço de terra?
-Tenho não.
-Então a terra de João é toda sua.
-Vossemecê fala sério? Fico muito
agradecido.
-Não tem de quê!
Assim
Jesuíno seguiu seu rumo se tornando depois o primeiro Lampião.
A
IMPRESSIONANTE VIDA NA SECA!
Carol
Soussa
Izabela
Perin
Álvaro
Borges
Numa noite eu que a chuva fina batia na
janela, o vento passava e assustava quem estava perto, um senhor fumava um
cigarro de palha e conversava com sua mulher, que fazia renda. Duas crianças
chegaram correndo e pedindo que lhe contasse uma historia.
- Vovô, Vovô, conta uma história para a gente!
- Claro, meu filho, pegue aquele livro azul
que está na estante. - O senhor fala apontando.
Segurando o livro, ele contava a história
com tanta propriedade que parecia que nem necessitava do livro. E os garotos
assuntavam calados.
No nordeste, onde o sol batia forte,
dois amigos que sobreviviam à briga dos seus pais por causa das injustiças que
Seu Felino, o dono da venda, uma cabra asqueroso que não vivia sem um copo de
cachaça e pai de Joaquim, o amigo de Graciliano, um garoto “rico“ que não
levava nada a sério, sempre com uma roupa “arrumada”. Os pais de Graciliano eram
de uma família pobre, que vivia com roupas acabadas, sofrendo de fome por causa
da seca.
- Graciliano, vem ver o caminhão de
madeira porreta que meu pai me deu! – Falou Joaquim.
Antes que Graciliano possa ver o
caminhão novinho de Joaquim o seu pai o chama.
- Joaquim, arrede daí menino e venha comer.
Graciliano volta pra casa. Assim que
chega em casa vê os seus pais dividindo um pequeno pedaço de rapadura, deixando
a maior parte pra ele e comendo apenas os
farelos restantes.
Depois de ter comido pratos e pratos, Joaquim
empanzinado de tanta comida, madorna na rede.
No dia seguinte, Graciliano acorda com
o barulho da sua barriga roncando e se depara ao ver os seus pais mortos no
colchão de palha que ficava no chão, ele sai correndo e chorando desesperado e encontra
com Joaquim logo na entrada da sua casa. Então ele começou a chorar nos braços
do seu amigo e lhe contou toda a história. Joaquim não acreditou e chamou
Graciliano para dar uma volta pra esfriar a cabeça. Durante o passeio, sem
notar, o tempo passava e nem perceberam que já estava escurecendo, e então se
perderam na escuridão do sertão.
Depois de dias e dias de caminhada, sem
achar o rumo certo. Joaquim que não estava acostumado a ficar muito tempo sem
comer, começa a passar mal de fome e seu corpo morrinhento estrebuchou na terra.
Graciliano, assustado, começa a procurar ajuda com medo de que acontecesse o
pior com seu melhor amigo. Quando ele volta já era tarde demais para salvá-lo.
Graciliano, bambando, começa a procurar a sua casa desesperado, quando enfim
consegue chegar em casa, vê os pais de Joaquim que estavam frustrados a procura
do seu filho. Graciliano, sem reação, tenta contar o que aconteceu, mas seu
desespero era maior, chorando, enfim, consegue contar-lhe toda a história. Seu
Felino, sem forças, cai no chão junto com sua mulher e começam a chorar.
Graciliano vai embora pensando o que vai fazer da sua vida, e então ouve alguém
o chamando, quando olha pra traz e vê Dona Jussara, a mãe de Joaquim convidando-o
para morar com eles.
- Vocês não acham que tá bom de história
por hoje não? Vamos comer! – Falou a avó dos garotos.
- Vamos, vovô Graciliano!- Falou um dos
netos.
Cercados
pela seca.
Por
Carollina Carvalho
&
Bernardo Costa
É no sertão, onde muita gente enfrenta muitas
dificuldades no dia-a-dia, que começa mais uma jornada de dor de uma família
nordestina, que trabalha todo o dia para no final ganhar um trocado. Essa é a
história da família de João, que tinha o sonho de sair do lugar onde moravam
para viver em melhores condições de vida. A família era composta por ele
(João), seu pai Antônio, sua mãe Analice e os seus três irmãos, Marcelo, Pedro, e Lucival, que era o caçula da família.
João era o irmão mais velho, tinha 11 anos.
Um dia João estava em casa com a
família, eles passavam fome constantemente e nesse dia de muita tristeza por
não ter o que comer, já que eles não tinha dinheiro para comprar comida, João
perguntou a sua mãe:
- Mãe, por que num tem comida? Quero comer!
Aperreada, a mãe dá resposta a ele e
diz:
- Filho, teu pai tá trabalhando pra
trazer uma comida pra nós. Tenha calma!
Logo depois, Analice abre o armário
e vê um pouco de farinha e vai correndo dar aos outros filhos que são menores e
estão chorando por não ter o que comer. Os meninos comem a farinha e enganam a
fome, logo depois conseguem dormir. Já João não consegue dormir, ele já está
totalmente desnutrido e fraco, vai até a cozinha ao encontro da mãe e a
pergunta:
- Mãe, no céu tem pão?
Não dá tempo a mãe responder à
pergunta do filho e já o vê caído no chão, se estrebuchando. A mãe, com o olhar
de desespero, sem saber o que fazer, vê o resto de água e resolve jogar no
filho numa tentativa inútil de acordá-lo, pois ela achava que era, apenas, um
desmaio. Passaram-se dez minutos e João não acordava de jeito nenhum e sua mãe
temia pelo pior. Alguém bate na porta e ela vai correndo ver quem é, era
Antônio. O pai de João havia chegado com comida e numa felicidade tamanha e
pergunta a mulher:
-Analice, chame os meninos, hoje
tem comida!
E ela leva ele até João, o pai
chama o filho várias vezes. Não obtém de João nenhum sinal de vida, começa a
chorar, olha para a esposa e diz com a voz embargada de tanto chorar:
-Ele está morto.
(Infelizmente
esta é a realidade de muitas famílias nordestinas).
A seca sem dinheiro
Arthur Coelho e Vitor Pedroza
Em
uma região de seca e cinza, chamada Jaguariri, vivia uma família pobre. Nela
viviam Jacinto, o pai, jurema, a mãe e a única trabalhadora da casa e os dois
filhos: Antonio e Jusimar.
Jurema
trabalhava em um prostíbulo da região. Era uma mulher baixa, gordinha, cabelo
crespo e olhos azuis. Apesar de não ser bonita, tinha muitos clientes. Já Jacinto,
não trabalhava, ficava em casa dormindo, podia se dizer que era um fracassado.
Jaguariri
era uma região pobre, tudo era seco, com árvores caindo aos pedaços e animais
morrendo o tempo todo. A família tinha uma vaca leiteira que a sustentava
porque o salário de Jurema não rendia muito.
Uma
coisa que incomodava muito Jurema era o de fato que Jacinto não trabalhava, até
o dia que os dois brigaram :
-Ô
seu fi de rapariga ! Vá trabaiá homi, fica ni casa sem fazer nada seu folote! A
casa de dama não tá dando dinheiro o suficiente para alimentar nossos filhos! Eles
estão desmilinguido! Disse Jurema.
E
Jacinto respondeu :
-Ô
muie, para de reclamar, cabrunco!
-Vá,peste
Jurema,
enfezada, foi para o trabalho que era a única coisa que lhe dava prazer. Naquele
momento, ela só tinha na cabeça raiva e tristeza, pois não gostava de brigar
com Jacinto, apesar de todas as brigas os dois se amavam. Ela pensava nas
crianças, em ter que viver a situação dos pais brigando.
Os
dias se passaram e a seca aumentava, quando a situação ficou braba, Jurema
chegou em casa com uma noticia ruim:
-A
casa de damas fechou!
-Mas
como vamos viver?! Disse jacinto.
-Nós
estamos pobres, mamãe? Disse Antonio segurando Jucimar no colo.
-Gente,
nós vamos para Ilhéus, que é cidade grande.
-Ah
não, mainha ! Disse Antonio
-Está
decidido
O
tempo se passava e cada vez aquele lugar pequeno, que tinham árvores cinzas, esqueletos
de animais no chão, era uma tristeza, como um horizonte sem fim,um pano cinza, branco
no fundo.
Finalmente
e infelizmente chegou o dia de ir embora, com as sacolas nas cabeças e sem nada
pra comer, Jurema pegou um pedaço de pau e colocou na trouxa. Jacinto não
queria segurar nada porque dava muito trabalho. Sem cavalo, sem jegue iam
andando num sol lascado que só. Andando em silêncio, só ouvindo o barulho do
chape chape da alpercata.
O
tempo passou e passou e cada dia eles ficavam mais fracos, já tinham dois dias
e estavam perdidos. Passaram os dias e na conta já tinha quatro e nada de
chegar. Passaram-se mais de três dias e nada. Jurema já estava preocupada. Passaram-se
quase duas semanas e a única coisa que eles viam era seca. A mãe já estava
aperreada por que Jucimar estava uma desmilinguida, aparecendo no corpo só as
costelas. Até que então a respiração parou e Jucimar bateu as botas. Além do
cansaço todos estavam tristes. De repente ouviram um barulho de algo caindo no
chão, quando olharam para trás Jacinto estava caído, estava desidratado, com
fome, cansado.
Jurema
e filho finalmente chegaram em ilhéus, acabados, fisicamente e psicologicamente. Jurema começou a
trabalhar. E conseguiu um lugar pra eles morarem.Mas nada substituía sua
família.
domingo, 28 de abril de 2013
A história do Maluco Beleza
Por Lara Macedo Torres
Júlia Franco Pessoa
``Prefiro ser essa metamorfose
ambulante
Eu prefiro ser eesa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...``
Esse era Raul Seixas, um Maluco Beleza que
amava o rock and roll, queria ser escritor feito Jorge Amado, e era fã do
cantor Elvis Presley.
Primogênito de uma família de classe média e
nascido em Salvador, BA, no dia 28 de junho, Raul Seixas, filho de Raul Varella
Seixas e Maria Eugênia Seixas, deixou a vida escolar cedo, logo decidindo pela
profissão de músico.
Desde muito jovem, com 14 anos, já
fumava, bebia demais, e consumia todos os tipos de drogas. É conhecido por músicas
como: “Maluco Beleza” e “Ouro De Tolo”. Lançou o seu primeiro disco em 1968
“Raulzito e os Panteras”. Seus discos tinham outras músicas de grande repercussão:
“ “Metamorfose Ambulante” e “Mosca Na Sopa”.
Em 1973 saiu o “krig-ha Bandolo!”
apresentando as primeiras parcerias do cantor com o companheiro de estudos
esotéricos, Paulo Coelho, com o qual formou em parceria o grupo Sociedade
Alternativa. Em 1977 troca a phillips pela recém-fundada WEA , onde passa o período
mais obscuro de sua carreira, com 3 LP´S, que deixam a sensação de cansaço .
Por esse tempo, a saúde do Maluco Beleza,
começa a se ressentir dos frequentes excessos alcoólicos que lhe ocasionam uma
pancreatite. O penúltimo casamento de Raul vai se rompendo. Sua saúde não anda
boa. Mais uma vez ele volta a Salvador, como fez, em 1978 para se recuperar.
Dia 21 de agosto de 1989, numa segunda-
feira, às cinco horas, o cantor parte para outro plano, em São Paulo, por
parada cardíaca causada por pancreatite crônica.
Dalva Borges Da Silva, a empregada do
cantor e compositor chega ao apartamento no 1003, do edifício
Aliança, na zona central, e encontra ele morto em sua cama.
Raul Santos Seixas é considerado um dos
maiores músicos brasileiros, com uma enorme quantidade de fã-clubes. Em 1990,
dia 10 de abril, é lançado o livro “Raul Seixas por ele mesmo”, pesquisado e
organizado por Sylvio Passos, e editado pela Martin Claret. Em 29 de setembro é
inaugurada a oficina cultural Raul Seixas, no bairro Tapuapé, também em São
Paulo, onde o governo do estado de São Paulo, pela secretaria do estado da
cultura realiza cursos, seminários, oficinas e outras atividades culturais
gratuitamente.
O Maluco Beleza se foi, pegou seu disco voador
e voou para outra dimensão onde todos os Malucos Belezas se encontram após
deixarem sua impressão digital no mundo.
O
CARIMBADOR MALUCO
Por: Luiza
Paixão e Gabriela Almeida
“Eu do meu lado
Aprendendo a
ser louco
Maluco total
Na loucura real”
28.06.1945.
Nasce o maluco, um maluco nada convencional, um “Maluco Beleza”. Raul dos
Santos Seixas veio ao mundo na cidade “de todos os santos, encantos e axé”.
Seus Pais, Maria Eugênia e Raul Varela, nem imaginavam o que estava por vir.
Quando
criança, foi apresentado ao rock pelos vizinhos que trabalhavam no consulado
americano no Brasil, e por grandes astros como Luiz Gonzaga, Elvis Presley,
Jerry Lee Lewis ele foi influenciado. Este ritmo viria a ser “muito mais do que
uma dança”, seria para Raulzito “todo jeito de ser”.
No
princípio de sua “Metamorfose Ambulante”, Seixas já frequentava o Elvis Rock
Club, onde bebia e usava drogas, nessa época já havia tirado um peso dos ombros
e abandonado a escola para se dedicar totalmente à musica.
Em
1960 fundou o grupo Os Panteras, afinal “sonho que se sonha só é só um sonho
que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”, e lança seu
primeiro LP,”Raulzito e os Panteras”, que acaba sendo um fracasso de vendas. O
seu segundo LP, ”Sociedade da Grã Ordem Kavernista apresenta sessão das dez”
foi lançado pela CBS, sem autorização, o que o leva a tirar seu cavalinho da
chuva e sair da gravadora, por este motivo o disco some misteriosamente do
mercado.
Através
do Festival Internacional da Canção, em 1972, assina contrato com a
Philips/Phonogram, e no ano seguinte lança seu primeiro LP por essa gravadora:
“Krig-Ha, Bandolo!”. No mesmo ano conhece Paulo Coelho e inicia as atividades
da Sociedade Alternativa.
No
ano de 1974 foi exilado para os Estados Unidos juntamente com Paulo Coelho,
Adalgisa Rios e Edith (com quem havia trocado alianças até então). O motivo do
exílio foram os gibis-manifestos utilizados para divulgar o início da Sociedade
Alternativa, em 1973. No mês de junho do mesmo ano retorna para o “país tropical,
abençoado por Deus e bonito por natureza”. Apresenta ao público seu LP “Gita”,
que finalmente dá a coroa ao rei. Neste mesmo ano desata seus laços amorosos
com Edith.
Tempos
depois, mais precisamente em 1975, casa-se com Glória Vaquer, pois “fundamental
é ser feliz, é impossível ser feliz sozinho”. Em 1976 colhe os frutos de seu
amor, quando nasce sua primeira filha com Glória e lança seu último LP com a
Philips/Phonogram: ”Há dez mil anos atrás” e encerra a parceria com Paulo
Coelho.
Adicionar legenda |
Um
ano depois o autor de “Mosca na Sopa” se separa de Glória e assina contrato com
a Warner Bros. Em seguida volta para a terra da primeira capital do Brasil, com
intuito de se recuperar da pancreatite que sofreu em razão do consumo do
álcool. Em 1978 o destino trata de juntar os pombinhos: Raul e Tânia.
Doze
meses depois rescinde contrato com a Warner Bros e dá um ponto final na sua
relação com Tânia, criando margem para a sua relação com Kika, esposa que o
acompanhou por sete anos. Um ano se seguiu e envolveu-se com Lena Coutinho.
No
ano seguinte seus problemas de saúde começam a interferir em sua vida, acontece
que “Papai do céu” estava precisando de uma ajudinha e chamou nosso mestre para
auxiliá-lo. Exatamente no dia 21 de agosto de 1989, Raulzito entrega os pontos,
deixando seu trono para um sucessor inexistente, pois Raul é e sempre será O
rei.
RAUL SEIXAS: O
INTRUSO NA RAÇA HUMANA
Por:
Thiago Maron de Azevedo
Victoria
Lima d’El-Rei Fraga
“Prefiro
ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre
tudo, eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes, eu prefiro ser essa
metamorfose ambulante”
“Eu
do meu lado, aprendendo a ser louco, maluco total na loucura real, controlando
a minha maluquez, misturada com minha
lucidez”
“Eu
sou a luz das estrelas, eu sou a cor do luar, eu sou as cores da vida, eu sou o
medo de amar”
“Eu
que não me sento, no trono de um apartamento, com a boca escancarada cheia de
dentes, esperando a morte chegar...”
Por
mais que tentemos trazer a energia incansável para palavras ou pensamentos,
nada irá nos contagiar e expressar sua maluquice
embelezada, com tanto êxito quanto suas eternas músicas e máximas, que não
são uma “metamorfose ambulante”, e continuam até hoje sendo vistas como arte.
A
marcante voz de Raul Santos Seixas foi ouvida pela primeira vez através de seu
choro em 28 de junho do ano de 1945, na cidade do Axé, enquanto chegava ao
mundo para conquistar milhões de fãs.
O
privilégio de acompanhar a vida de Raul desde seu início foi exclusivo do
austero engenheiro Raul Varella Seixas, e da dona de casa Maria Eugênia Seixas,
e ainda de seu irmão mais novo, Plínio Santos Seixas, que ao contrário do
Maluco Beleza, seguiu a vida escolar exemplarmente.
A
infância do então futuro astro do rock foi marcada por problemas escolares e
pelo seu fanatismo excêntrico por Elvis Presley, que foi o principal e talvez
único ídolo motivacional para o sucesso de Raul.
As
dificuldades de Raulzito nos estudos se iniciaram no Curso Primário na Escola
Particular da professora Sônia Bahia, entre 1952 até 1956, quando fundou o Club
dos Cigarros.
Ao
terminar o curso primário, vai para a segunda série do ginásio do Colégio São
Bento, onde repetiu por 3 anos, em consequência de matar aulas visando ouvir Rock-and-roll
na loja Cantinho da Música.
Após
várias tentativas de passar de ano em vários colégios, sem êxito, funda seu
segundo e mais marcante Club, Elvis Rock Club com Waldir Serrão, seu parceiro
por muitos anos.
Em
1965, com 20 anos, após passar pelo Colégio Marista e Ipiranga, abandona os
estudos e decide se dedicar apenas à sua carreira musical, que já havia se
iniciado em 1962, ao criar seu primeiro grupo de Rock: Relâmpagos do Rock. Com
tal banda, faz breve apresentações na Tv Itapoan. Um ano depois, insatisfeitos
com o nome Relâmpagos do Rock, o trocaram por The Panthers, e futuramente,
Raulzito e os Panteras, grupo com o qual gravou em estúdio pela primeira vez,
com a música Nanny, de Gino Frey, e também Coração Partido, composta por seu
pai. Tais músicas ganharam repercussão um tempo depois de seu lançamento,
fazendo a jovem banda crescer ainda mais. Por conta de shows pelo interior da
Bahia, torna-se o grupo de rock mais caro do estado.
Juntamente
ao sucesso e fama, vem a adoração das mulheres e suas obsessões. Com isso,
breves relacionamentos e polêmicas envolvendo garotas se tornam constantes na
vida de Raul, que ironicamente se apaixonou por Edith Wisner, mulher americana
que a pedido dos pais e por vontade própria, fez Raulzito parar com a vida
artística e reatar com os tão odiados estudos. Encandecido pelas chamas do
amor, e pondo sua amada a frente de tudo que já havia sido construído em sua
vida, decide fazer supletivo e presta vestibular para a faculdade de direito.
Toda sua personalidade anormal, parecida ter vindo de Marte, se acanhou diante
das infinitas páginas de livros de direito. Por conta de tal dedicação, passa
entre os primeiros colocados.
Encantado
consigo mesmo e cheio de confiança, tem o pedido de casamento aceito por Edith,
e necessitando um sustento para viver, passa a dar aulas de inglês e violão.
Jerry
Adriani, um renomado músico da época, convoca Raul para uma de suas turnês pelo país,
e após muita insistência, larga a monótona vida de estudante exemplar e parte
para seu tão querido estilo de rockeiro punk, do cabelo crespo e volumoso, da
roupa decotada e dos gritos voluptuosos e estridentes. Animado com a ideia de
poder ressurgir no passageiro mundo da música, decide reunir novamente o grupo
Raulzito e os Panteras, com o qual, também a pedido de Jerry, vai para o Rio de
Janeiro servir como banda de apoio. Posteriormente ao carnaval de 1968, animado
com a reintegração do grupo, lança seu primeiro LP, com o “criativo” nome
Raulzito e Os Panteras.
Extremamente
desiludido pela falta de sucesso e pela ausência de seus antigos assíduos fãs,
volta para Salvador sem esperanças de um dia alcançar o estrelato.
Em meio a
seus colegas de estudo de filosofia, estava Evandro Ribeiro, diretor da
gravadora CBS. Aos poucos, a parceria dos dois aumenta, a ponto de Raul ser
convidado para ser produtor de discos da CBS. Mais uma vez, desce para o Rio de
Janeiro, mais uma vez, com Edith, e mais uma vez, produz com Jerry Adriani,
além de Trio Ternura, Tony & Frankie etc.
Ainda
no Rio, em 19 de novembro de 1971, tem sua primeira filha, Simone Andréa Wisner
Seixas.
Vivendo
entre pessoas famosas ligadas à carreira musical, testemunhando gravações de
discos e clipes, Raul sente-se tentado a gravar um novo LP, desta vez, pela
CBS. Com o pedido negado pela produtora, decide produzir sua mais nova “arte
musical” escondido de todos aqueles que poderiam demiti-lo, e com uma invejável
perseverança e ousadia, consegue lançar “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista”. O
LP, por conta da sua forma de execução, apresentou defeitos constrangedores e
uma qualidade demasiadamente baixa. Para gravar o back vocal de tal LP, eram
chamados os porteiros, faxineiros e muitos outros subordinados da CBS, o que
comprometeu o sucesso da produção. Apesar de todos os esforços para a
permanência de Raul na produtora, o mesmo foi expulso severamente.
Em
1972, com a vida mais ativa, se classifica no Festival de Canções da Globo com
as músicas Let Me sing Let Me Sing e Eu sou Eu, Nicuri É O Diabo, descobrindo
aí sua preferência de gênero musical: uma mistura de rockbilly com ritmos
nordestino. Após a façanha, desperta o interessa de várias gravadoras, mas a
Phillips Phonogram ganha a disputa e lança o compacto Let Me Sing Let Me Sing e
Teddy Boy, Rock e Brilhantina.
Com
o tempo, o nome Raul Seixas foi ganhando fama mundial em consequência de suas
rebeldes letras musicais e seu estilo diferenciado de viver. Em 1973, Raulzito
conhece seu futuro eterno parceiro, Paulo Coelho, redator da revista
Underground A Pomba. Em junho de tal ano, lança o primeiro LP pela Phillips,
que curiosamente foi o primeiro LP gravado em condições ideais; o
reconhecidíssimo Krig Ha, Bandolo.
A
amizade com Paulo se transformou na criação de uma sociedade alternativa, onde
ambos debatiam sobre questões extremamente alienadas e fora de um contexto
realístico.
Em
1974, envolvido em muitas polêmicas sobre manifesto, se exila para os EUA
com Paulo Coelho, Edith e Adalgisa Rios.
Lá, Raul tem a chance de realizar seu sonho de infância: visitar a casa de
Elvis Presley, seu ídolo desde sempre para sempre.
Em
julho, Raul retorna ao Brasil já com a saúde debilitada por conta das drogas
apresentadas a ele por Paulo Coelho, e grava o LP e videoclipe Gita, que
mostrou a divisão do Maluco Beleza pelas ideias alternativas e a crítica social
(“eu estava sendo um cristo, botando para fora um Jesus que há em mim e que já
me fez gostar de sofrer pelas pessoas”), ganhando o Disco de Ouro
merecidamente. Por conta do envolvimento com as drogas e da constância de
problemas familiares, separa-se de Edith, que por sua vez, volta aos EUA com a
filha do casal.
Passa
a ter crises alcóolicas, e se envolve com a irmã do guitarrista de sua banda,
Glória Vaquer. Como já era esperado, casam-se, e um ano depois, em 16 de junho
de 1976 nasce no Rio a filha do casal, Scarlet Vaquer Seixas , que após a
separação dos pais, um ano depois do casamento, vai morar com a mãe Glória nos
EUA. No mesmo ano assina contrato com a nova e recém fundada gravadora WEA, ao
lado de seu velho amigo Cláudio Roberto. Com tal gravadora, a magnitude dos
trabalhos de Raul se expandem ainda mais, e o mesmo lança diversos sucessos,
como o até hoje reconhecido vídeo clipe “Maluco Beleza”.
A
relação entre Raul e a gravadora se tornou nem tão amigável após acusações
vindas por parte do músico a André Midani,
a quem alega escolher produtores desqualificados para produção de suas
músicas. Insatisfeito com a “compreensão” da gravadora, Raulzito decide
rescindir o contrato e voltar para CBS,
em 1980, desta vez numa posição mais valorizada. Em pouco tempo, foram gravadas
diversas canções, e curiosamente davam ênfase ao erotismo e questões menos
alternativas.
Em
meio as mudanças culturais repentinas e o crescimento da dominância juvenil,
Raul sente estar vivendo em um lugar que não “fazia seu estilo”, e o mau-humor
se tornou o resultado da alienação realística do mesmo.
Ainda
que tivesse passado alguns meses numa fazenda na Bahia para se recuperar dos
problemas provocados pelo alcoolismo, em 1978, Raul permaneceu envolvido com
tais substâncias fatais, o que não impediu o breve relacionamento que teve com
Tânia Menna Barreto. Logo após o fim da parceria amorosa com Tânia, Raul
envolve-se com Ângella Maria Afonso Costa, com quem tem uma filha, Vivian Costa
Seixas.
Quando
ainda era pai de apenas 2 crianças, em 1980, faz uma operação em São Paulo, que
resultou na retirada de metade do seu pâncreas. Percebendo que os problemas de
saúde aumentavam, foi logo morar em São Paulo.
Em
15 de maio de 1982, Raul foi expulso de seu próprio show em Caieras, ao ser
confundido com um impostor de si mesmo, chegando a ser espancado por delegados
e policiais.
Um
ano depois, sem motivos concretos e/ou válidos, abandona a CBS e assina
contrato com a gravadora semi independente
Estúdio Eldorado, em 13 de fevereiro de 1983, e 13 dias depois volta aos
palcos com um estilo de rock n roll
primordial, na sociedade Esportiva Palmeiras.
Neste
mesmo ano, é lançado pela editora Shogun Editora e Arte, de Paulo Coelho, o
livro As Aventuras de Raul Seixas na
Cidade de Thor, o primeiro de muitos falando sobre a polêmica vida do
Maluco Beleza, que ganhou seu segundo disco de ouro e 1984. Animado com a ideia
de fazer um “trabalho preto e branco” para estrear em sua nova gravadora, Som
Livre, Raul decide aproveitar o já produzido Metrô Linha 743, que visava
expandir a imaginação do público, e
ironicamente, tirar a monotonia do colorido.
Seu
penúltimo relacionamento, com Tânia, foi se rompendo aos poucos, e a saúde de Raulzito piorava a cada dia por
conta de seu envolvimento obsessivo com as drogas. Como já fora feito em 1978,
vai a sua cidade natal para recuperação,
e pouco tempo após, retorna a São Paulo com uma nova companheira, Lena
Coutinho.
Com
os fãs no aguardo de novidades estrondosas e que dariam o que falar, o mundo da
música parecia se trancar a novas propostas “Raulseíxicas”, impedindo que
tomássemos mais um banho de cultura e de críticas sociais por intermédio de
suas músicas. Porém em 1985, no estado de São Paulo, o fã clube de Raul Seixas
(Raul Rock Club) lançou o álbum Let Me Sing My Rock And Roll, que tempos depois
foi híper valorizado por amadores e colecionadores das obras do cantor e
compositor baiano.
Apesar
dos diversos e constantes problemas de saúde, Raul reúne forças para produzir
um de seus últimos LPs, o Uah Bap Lu Lah Béin
Bum!, que foi lançado com um ano de atraso, e trazia nas letras a sua
alma de rockeiro (“eu fiz esse disco
para os rockeiros ouvirem, para eles não deixarem o rock n roll morrer...”)
Em
1988, para reafirmar sua permanência no mundo da música, lança o álbum A Pedra
do Gênesis, que falava sobre uma de suas velhas ocupações, a Sociedade
Alternativa.
Após
uma série de 50 shows por todos os lados do Brasil juntamente a Marcelo Nova,
Raul lança seu último e não menos importante LP em 19 de agosto de 1989, A
Panela do Diabo.
Em
21 de agosto de 1989, Raul falece em seu
apartamento na zona central de São Paulo as 7 horas da manhã, em consequência
de uma parada cardíaca, ocasionada pela sua velha pancreatite aguda.
Neste
dia, o falso ser humano abandonou no
planeta terra seus meros discípulos mortais, e voou como uma mosca em seu
poderoso disco voador para algum cantinho do universo, onde todos são malucos,
embelezados, sem uma opinião formada, e que vivem cada segundo como se fosse o
último de suas vidas.
Assinar:
Postagens (Atom)