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"Desafios"

"A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e convivência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafios"

Martin Luther Kink Jr

sábado, 18 de maio de 2013

Um recomeço perdido


Um recomeço perdido

Por Fátima Duran &
Katherine Herdy




             Hoje é o pior dia da vida de João Antonio, hoje, dia 21 de maio de 2013 a esposa de  Antônio se suicidou.Voltaremos ao dia 19 de abril de 2013, para contar a história de Dona Juracema.
             No Sertão da Bahia, onde tudo é seco, não cresce nenhum pau de árvore, numa casa feita de barro, moravam João Antônio, Dona Juracema e seu filho Carlos. Juracema e seu filho estavam sentados no cepo, pensando em quando ia chover, até que:
            - Ocês, cheguem aqui – Disse seu João entrando na casa de barro, com sua alpercata toda esgarçada, calça e uma blusa toda rasgada.
            - Que foi? – Falou Dona Juracema levantando-se do cepo e entrando na casa de barro com seu filho. Juracema usava um vestido de flores simples e seu filho com uma bermuda e alpercata esgarçada.
            - Tive uma ideia porreta! A gente vai para Salvador
            - Deixa de ser abestado homem! – Falou Dona Juracema pensando como João pensou numa ideia dessas.
             - Abestado aqui é tu, nois vamos sim. Visse? – Antônio falou retado porque nenhuma mulher nunca o chamou de abestado ou coisa parecida.
            Juracema estava meio cabreira com essa história, mas por amar o marido obedeceu-lhe. Ela, Carlos e Antônio pegaram suas alpercatas, suas poucas roupas e botaram no aió. Quando acabaram de arrumar, saíram em direção a Salvador, com as roupas que tinham no corpo. Passaram-se horas e horas, o sol já havia desaparecido e a única luz que havia era da lua. Deitaram na areia quente com árvores quentes em volta. Carlos começou a falar:
            - Mãe, tô com fome! Mãe, tô com fome!
            - Deixa de aperreio aí, menino! – João disse acordando do sonho maravilhoso que teve.
             - Calma, homem! Tome, meu filho, um pouco de farinha seca. – Juracema disse pegando no aió um pouco de farinha.
            Enquanto isso, João ficou relembrando do sonho que teve. Nesse sonho, o sol brilhava num imenso céu azul, com pássaros voando livremente por ele, e que acada pingo de chuva que caía sobre o chão rachado, uma árvore nascia dando de volta a esperança e a alegria que ele nunca tinha experimentado. Depois de relembrar o lindo sonho, voltou a dormir com Juracema e Carlos. Ao nascer do sol, eles levantam e continuam sua caminhada até Salvador. Andaram por quase 10 horas até encontrar a cidade.
            - Ave Maria! Chegamos – Disse Juracema com alegria no olhar.
            - Avia, não podemos perder tempo, vamos até aquele bar – Falou João andando até o balcão. Chegando lá disse:
 – Moça, poderíamos dormir no fundo do bar hoje? – João aparentava estar calmo, mas por dentro estava implorando para a moça deixá-los dormir só por hoje.
            - Claro que não! Deixe de ousadia! – A moça aparentava ter 30 anos de idade, tinha cabelos longos cor de fogo, pele tão escura quanto jabuticaba e era mediana.
            - Ô, mais tá! O que está acontecendo no meu bar?! – Chegou falando alto, um senhor varapau, com cabelos grisalhos com pele branca que aparentava uns 67 anos de idade.
            - Nhor, poderíamos dormir aqui por uma noite?
            - Claro que sim, se um de ocês trabalhar para mim, como garçonete e cozinheira.
            - Claro, minha esposa pode trabalhar sim. – João por dentro estava pulando de alegria.
            O dono do bar que se chamava Benedito, junto com a família de João e Ana Lucilene, mostraram onde João, Juracema e Carlos iriam dormir. Logo anoiteceu e todos estavam a dormir. Chegou a manhã, Juracema começou a trabalhar. João saiu à procura de emprego e Carlos na frente do bar, brincava com os ouros meninos. Assim foi a rotina da família de João. Até que Ana Lucilene começou a ser amiga de Juracema e desejar João como marido. Na verdade essa amizade que estava tendo com Juracema era pura enganação para roubar o seu marido.
            Na noite seguinte, enquanto todos dormiam, Ana Lucilene, prepara um ensopado de jerimum, com gotas de veneno para matar Juracema. Quando amanheceu ofereceu a comida a Juracema, mas quem comeu o ensopado foi Carlos. Ao anoitecer Juracema foi dar boa noite ao filho, mas quando viu seu filho estava morto, e não tinha mais como salvá-lo.
        Saiu do bar chorando e gritando para Deus trazer o seu filho de volta, mas ela sabia que isso não era possível. E o único jeito dela se encontrar com o filho era morrendo. Voltou para o bar, quando o sol nasceu e contou tudo o que viu para João, que também estava muito triste pela perda de seu filho, mas não ao ponto de se matar como Juracema.
             - Meu amor, se um dia eu não estiver mais aqui, cuide de Ana Lucilene como você cuidava de mim – Falou Juracema decidida que iria se matar.
             - Tudo bem, mas sei que quando você não estiver mais aqui, também não estarei.
            O dia se passou, com tristeza no ar, Ana Lucilene se arrependeu de ter feito aquele ensopado, mas já era tarde para voltar atrás. Enquanto isso, Juracema estava morrendo, porque enfiou no seu peito uma faca. Na manhã seguinte quem a  encontrou morta no chão da cozinha foi Ana Lucilene e Benedito, mas minutos depois apareceu João, que ao olhar para sua mulher toda ensanguentada no chão da cozinha, com uma faca no peito esquerdo, começou a chorar e percebeu que tinha que cuidar de Ana Lucilene agora, por causa da promessa que teve com Juracema horas antes dela morrer. Mas hoje com certeza é o pior dia de sua vida, dia 19 de abril de 2013.

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