A seca sem dinheiro
Arthur Coelho e Vitor Pedroza
Em
uma região de seca e cinza, chamada Jaguariri, vivia uma família pobre. Nela
viviam Jacinto, o pai, jurema, a mãe e a única trabalhadora da casa e os dois
filhos: Antonio e Jusimar.
Jurema
trabalhava em um prostíbulo da região. Era uma mulher baixa, gordinha, cabelo
crespo e olhos azuis. Apesar de não ser bonita, tinha muitos clientes. Já Jacinto,
não trabalhava, ficava em casa dormindo, podia se dizer que era um fracassado.
Jaguariri
era uma região pobre, tudo era seco, com árvores caindo aos pedaços e animais
morrendo o tempo todo. A família tinha uma vaca leiteira que a sustentava
porque o salário de Jurema não rendia muito.
Uma
coisa que incomodava muito Jurema era o de fato que Jacinto não trabalhava, até
o dia que os dois brigaram :
-Ô
seu fi de rapariga ! Vá trabaiá homi, fica ni casa sem fazer nada seu folote! A
casa de dama não tá dando dinheiro o suficiente para alimentar nossos filhos! Eles
estão desmilinguido! Disse Jurema.
E
Jacinto respondeu :
-Ô
muie, para de reclamar, cabrunco!
-Vá,peste
Jurema,
enfezada, foi para o trabalho que era a única coisa que lhe dava prazer. Naquele
momento, ela só tinha na cabeça raiva e tristeza, pois não gostava de brigar
com Jacinto, apesar de todas as brigas os dois se amavam. Ela pensava nas
crianças, em ter que viver a situação dos pais brigando.
Os
dias se passaram e a seca aumentava, quando a situação ficou braba, Jurema
chegou em casa com uma noticia ruim:
-A
casa de damas fechou!
-Mas
como vamos viver?! Disse jacinto.
-Nós
estamos pobres, mamãe? Disse Antonio segurando Jucimar no colo.
-Gente,
nós vamos para Ilhéus, que é cidade grande.
-Ah
não, mainha ! Disse Antonio
-Está
decidido
O
tempo se passava e cada vez aquele lugar pequeno, que tinham árvores cinzas, esqueletos
de animais no chão, era uma tristeza, como um horizonte sem fim,um pano cinza, branco
no fundo.
Finalmente
e infelizmente chegou o dia de ir embora, com as sacolas nas cabeças e sem nada
pra comer, Jurema pegou um pedaço de pau e colocou na trouxa. Jacinto não
queria segurar nada porque dava muito trabalho. Sem cavalo, sem jegue iam
andando num sol lascado que só. Andando em silêncio, só ouvindo o barulho do
chape chape da alpercata.
O
tempo passou e passou e cada dia eles ficavam mais fracos, já tinham dois dias
e estavam perdidos. Passaram os dias e na conta já tinha quatro e nada de
chegar. Passaram-se mais de três dias e nada. Jurema já estava preocupada. Passaram-se
quase duas semanas e a única coisa que eles viam era seca. A mãe já estava
aperreada por que Jucimar estava uma desmilinguida, aparecendo no corpo só as
costelas. Até que então a respiração parou e Jucimar bateu as botas. Além do
cansaço todos estavam tristes. De repente ouviram um barulho de algo caindo no
chão, quando olharam para trás Jacinto estava caído, estava desidratado, com
fome, cansado.
Jurema
e filho finalmente chegaram em ilhéus, acabados, fisicamente e psicologicamente. Jurema começou a
trabalhar. E conseguiu um lugar pra eles morarem.Mas nada substituía sua
família.
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