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"Desafios"

"A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e convivência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafios"

Martin Luther Kink Jr

sexta-feira, 10 de maio de 2013


A seca sem dinheiro
Arthur Coelho e Vitor Pedroza                                           

            Em uma região de seca e cinza, chamada Jaguariri, vivia uma família pobre. Nela viviam Jacinto, o pai, jurema, a mãe e a única trabalhadora da casa e os dois filhos: Antonio e Jusimar.
            Jurema trabalhava em um prostíbulo da região. Era uma mulher baixa, gordinha, cabelo crespo e olhos azuis. Apesar de não ser bonita, tinha muitos clientes. Já Jacinto, não trabalhava, ficava em casa dormindo, podia se dizer que era um fracassado.
            Jaguariri era uma região pobre, tudo era seco, com árvores caindo aos pedaços e animais morrendo o tempo todo. A família tinha uma vaca leiteira que a sustentava porque o salário de Jurema não rendia muito.
            Uma coisa que incomodava muito Jurema era o de fato que Jacinto não trabalhava, até o dia que os dois brigaram :
-Ô seu fi de rapariga ! Vá trabaiá homi, fica ni casa sem fazer nada seu folote! A casa de dama não tá dando dinheiro o suficiente para alimentar nossos filhos! Eles estão desmilinguido! Disse Jurema.
            E Jacinto respondeu :
-Ô muie, para de reclamar, cabrunco!
-Vá,peste
            Jurema, enfezada, foi para o trabalho que era a única coisa que lhe dava prazer. Naquele momento, ela só tinha na cabeça raiva e tristeza, pois não gostava de brigar com Jacinto, apesar de todas as brigas os dois se amavam. Ela pensava nas crianças, em ter que viver a situação dos pais brigando.
            Os dias se passaram e a seca aumentava, quando a situação ficou braba, Jurema chegou em casa com uma noticia ruim:
-A casa de damas fechou!
-Mas como vamos viver?! Disse jacinto.
-Nós estamos pobres, mamãe? Disse Antonio segurando Jucimar no colo.
-Gente, nós vamos para Ilhéus, que é cidade grande.
-Ah não, mainha ! Disse Antonio
-Está decidido
            O tempo se passava e cada vez aquele lugar pequeno, que tinham árvores cinzas, esqueletos de animais no chão, era uma tristeza, como um horizonte sem fim,um pano cinza, branco no fundo.
            Finalmente e infelizmente chegou o dia de ir embora, com as sacolas nas cabeças e sem nada pra comer, Jurema pegou um pedaço de pau e colocou na trouxa. Jacinto não queria segurar nada porque dava muito trabalho. Sem cavalo, sem jegue iam andando num sol lascado que só. Andando em silêncio, só ouvindo o barulho do chape chape da alpercata.
            O tempo passou e passou e cada dia eles ficavam mais fracos, já tinham dois dias e estavam perdidos. Passaram os dias e na conta já tinha quatro e nada de chegar. Passaram-se mais de três dias e nada. Jurema já estava preocupada. Passaram-se quase duas semanas e a única coisa que eles viam era seca. A mãe já estava aperreada por que Jucimar estava uma desmilinguida, aparecendo no corpo só as costelas. Até que então a respiração parou e Jucimar bateu as botas. Além do cansaço todos estavam tristes. De repente ouviram um barulho de algo caindo no chão, quando olharam para trás Jacinto estava caído, estava desidratado, com fome, cansado.
            Jurema e filho finalmente chegaram em ilhéus, acabados, fisicamente  e psicologicamente. Jurema começou a trabalhar. E conseguiu um lugar pra eles morarem.Mas nada substituía sua família.

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