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"Desafios"

"A verdadeira medida de um homem não é como ele se comporta em momentos de conforto e convivência, mas como ele se mantém em tempos de controvérsia e desafios"

Martin Luther Kink Jr

domingo, 10 de abril de 2011

O exemplo na sociedade

Por Lara Calado

“O homem sério sorriu, a rosa triste se abriu, a lua cheia surgiu

e a meninada toda se assanhou

para ver a banda passar, tocando coisas de amor”


Foi assim, com o embalo do amor e da alegria que o gênio carioca da MPB tocou o coração do povo Brasileiro! Chico Buarque de Hollanda nasceu em 19 de junho de 1944, filho do historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista amadora Maria Amélia Alvim Buarque. Desde pequeno, já admirava a música. Com a sua irmã, Miúcha, escutavam sambas e marchinhas carnavalescas no rádio da sua babá , Dona Benedita. “A música sempre existiu lá em casa, desde pequeno eu me lembro de meu pai, de minha mãe cantando”.


Chico cresceu rodeado de intelectuais, amigos de seu pai e de sua irmã, Miúcha. Quando completou dois anos, se mudou para São Paulo, onde seu pai foi trabalhar como diretor do Museu do Ipiranga. Expressando o desejo precipitado de ser cantor de rádio, Chico e sua família, em 1953, se mudaram para a Itália, pois seu pai foi lecionar na Universidade de Roma. Na Itália, a família recebia a visita especial de Vinicius de Moraes que cantava e conversava com a família. Chico sempre teve acesso à cultura, por isso tinha uma literatura muito diversificada, o jovem tinha conhecimento da literatura Russa, Francesa, Italiana, motivo que levou à formação de uma pessoa culta e inteligente, formando a personalidade de Chico. Com 19 anos, fez faculdade de arquitetura na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), mas após três anos de estudos, decidiu que seu verdadeiro talento era a música.


Após ter tomado essa decisão, Chico fez seu primeiro show em 1964 no colégio Santa Cruz com a música “Canção dos Olhos” , porém, sua primeira música que contagiou o público foi “A Banda” que ganhou a premiação no segundo Festival de Música Popular Brasileira, transmitido pela TV Record. A composição do

grande artista fez tanto sucesso que foram vendidos 100 mil cópias em menos de uma semana, além de ser traduzidos para diversos idiomas. Por conta de seu empenho, dedicação, talento, força de vontade, Chico gravou seu primeiro LP em 1966, mesmo ano em que encontrou sua alma gêmea, Marieta Severo, com quem teve três filhas: Silva, Helena e Luísa.


“Hoje você é quem manda, falou,


tá falado, não tem discussão, não...”




Essa é uma das letras em que Chico Buarque defende a nossa pátria na época da Ditadura Militar. O cantor sempre esteve presente nessa época de emblemas em que o Brasil estava vivendo, participando das diversas passeatas, incluindo a “Passeata dos Cem mil” e escrevendo letras de músicas que expressavam seus sentimentos contra a situação política daquela época em que tinha, a maioria dos seus trabalhos censurados pelo regime militar, um exemplo disso, foi a música “Apesar de você” que foi proibida, por ser considerada uma crítica à ditadura e a peça “Roda Viva” foi censurada por conta do seu cenário que foi considerado subversivo.


Por conta dos conflitos e pela falta de sucesso, Chico e sua esposa, Marieta se mudaram para a Itália, onde passou, por sérias dificuldades financeiras. Apesar da censura, Chico decidiu regressar ao Brasil em março de 1970. Com a grande dificuldade de compor suas músicas, Chico fez com muita cautela seus shows, mas os censores invadiam seu camarim, pedindo depoimentos constantemente. Escreveu a peça teatral Calabar em 1973, mas só depois de sete anos a peça foi liberada.


Sua vida profissional estava muito difícil, porém, Chico Buarque nunca desistiu, e com a sua inteligência criou um método de driblar a censura, criando um personagem da sua autoria que assinava suas letras com o pseudônimo de Julinho de Adelaide, mas, a sua identidade foi descoberta pela imprensa, depois de algumas músicas de sucesso. Depois das manifestações das “Diretas Já”, o povo Brasileiro conseguiu a democracia do nosso país, que consistia na liberdade de expressão e no direito de votar. Chico completa o conceito de cidadania no nosso país, ele sempre defendeu a nossa pátria e nunca hesitou nisso. Desde o início da redemocratização do Brasil, o cantor era a favor e admirava o governo de Lula, que está sendo governado atualmente por Dilma Roussef. Chico abordava em suas obras, diversos temas, além da política, o amante da MPB cita problemas sociais como a música “O meu guri” que demonstra o amor de uma mãe por seu filho que era marginal e ela nem esperava isso, “Pedro Pedreiro” foi mais uma canção que o autor escreveu que conta a história de um operário que espera sua vida melhorar. Além de cantor e compositor, Chico traduz e adapta textos como a peça infantil “Os saltimbancos”, escreveu também a “Ópera do Malandro”, romances como Estorvo, Budapeste, etc.


Com delicadeza, amor, cautela, alegria, sensibilidade... Chico aborda a mulher em suas obras de arte com exclusividade. Em diversas situações “As mulheres de Chico” são abordadas com seus nomes, profissões, situações banais, mulheres exercendo o papel de mãe, guerrilheira, prostituta, mulheres amadas, abandonadas e marginalizadas, A música “Mulheres de Atenas” mostra as mulheres submissas aos seus maridos, “Folhetim” narra a história de uma mulher prostituta e “Olhos nos Olhos” conta a história de uma mulher abandonado pelo seu marido.


Na atualidade Chico Buarque ganhou a 53ª edição do Prêmio literário Jabuti com a sua obra “Leite Derramado” na categoria de melhor ficção do ano. Chico Buarque, sempre contextualiza suas canções com os valores humanos, ensinando ao leitor como viver a vida sem preconceito e com amor. E com as formas de valorizar as mulheres e o nosso país ele ganhou o carinho de todos os públicos, se tornando um dos cantores da MPB mais famoso e querido do Brasil!



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